Condições pré-existentes, ausência de licença médica e seguro de saúde colocam os trabalhadores agrícolas em risco aumentado de coronavírus

Adelaida Mendoza é trabalhadora de vinhedos no Chateau Ste. Michelle, uma das maiores vinícolas do estado de Washington. Como seu trabalho é representado pelo sindicato dos Trabalhadores Agrícolas Unidos, Mendoza e sua família têm seguro de saúde, do qual ela pode depender se ficar doente. No entanto, o cunhado de Mendoza, também trabalhador agrícola, tem menos sorte. “Ele está realmente petrificado com o que pode acontecer com ele porque não tem cobertura de saúde”, diz Mendoza através de um tradutor. “Ele não tem benefícios para recorrer.”

Trabalhadores de extensão em todo o país estão fazendo um esforço conjunto para educar as pessoas que escolhem e processam nossos alimentos sobre o Covid-19. Alguns dos maiores obstáculos incluem barreiras linguísticas e literárias; lacunas tecnológicas, pois nem todo mundo tem um smartphone ou acesso à Internet; e desinformação.

“Temos ouvido alguns mitos por aí – sobre como o coronavírus pode ser transmitido pelo suor ou que os latinos são menos afetados por causa de seu DNA”, diz Linda Cifuentes, coordenadora do Centro de Educação em Saúde da Região Sudeste do Arizona, uma organização sem fins lucrativos que coloca os profissionais de saúde em comunidades carentes.

Esses esforços são motivados, em parte, pelo medo de que os hospitais rurais não estejam equipados para lidar com um surto local de Covid-19. Ao contrário dos centros de saúde urbanos – os quais, por sua vez, são sobrecarregados por recursos – eles podem não ter ventiladores ou unidades de terapia intensiva. Se alguém na área de Finger Lakes sofrer de sintomas graves do Covid-19, precisará ser transportado para a cidade de Rochester, a uma hora de distância, diz Zelazny.

Existem ramificações de mão-de-obra e alimentos, se um trabalhador agrícola contrata o Covid-19. Uma doença pode rapidamente comprometer a saúde de outras pessoas, principalmente para trabalhadores rurais que compartilham alojamentos ou trabalham próximos uns dos outros em uma linha de montagem. Como ainda sabemos muito pouco sobre o vírus, os cientistas não descartaram a possibilidade de ele se espalhar pelos alimentos, apesar de acreditarem que é altamente improvável. O setor agrícola já está se preparando para uma escassez de mão-de-obra: na segunda-feira, o Departamento do Trabalho anunciou que suspenderia todos os serviços de visto no México como parte de um plano de distanciamento social. Isso interromperá o programa H-2A, no qual as fazendas dos EUA estão cada vez mais dependentes de mão de obra estrangeira temporária. O American Farm Bureau, um grupo de defesa de agricultores, disse à Food and Environmental Reporting Network que essa mudança pode levar à escassez de alimentos no país.

Para o Dr. Laszlo Madaras, diretor médico da Migrant Clinicians Networks, uma coalizão de prestadores de serviços de saúde que atendem trabalhadores migrantes, essa pandemia destaca uma forte inadequação em nosso sistema alimentar – que depende fundamentalmente da saúde dos trabalhadores agrícolas, mas não fornecer-lhes os meios econômicos para mantê-lo.

“Se as pessoas mais fracas não conseguirem os cuidados de saúde e a proteção de que precisam, isso impactará toda a sociedade”, diz ele. “Não podemos realmente ter um grupo de pessoas pensando que, se eles apenas tiverem bons cuidados de saúde e se cuidarem, tudo ficará bem.”